Um Tal Morelli, Coautor Do Quixote: A Leitura Como Poética Da Escritura

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Sinopse

O livro entabula análises de obras do século XX que tiveram por projetos a reescritura do romance O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes. O estudo delinea o mapa das relações intertextuais que O Jogo da Amarelinha, romance de Julio Cortázar, estabelece com tais projetos literários. Focaliza-se duas narrativas que figuram como projetos de reescritura do Quixote no século XX: o romance Museu do Romance da Eterna, de Macedonio Fernández, e o conto "Pierre Menard, autor do Quixote", de Jorge Luis Borges. As idiossincrasias das modalidades das narrativas – conto e romance – são abordadas desde a perspectiva teórico-crítica que os escritores formularam sobre os gêneros às teorias sobre o romance de Mikhail Bakhtin e Georg Lukács. Toma-se como elemento central de discussão entre as obras o leitor que reverte sua leitura em escritura, o leitor como personagem e como elemento textual da estrutura narrativa. Para esta questão, tem-se o aporte teórico de Wolfgang Iser, com a teoria do leitor implícito, e de Umberto Eco, com a teoria do Leitor-Modelo. A matéria 'relações intertextuais' está subsidiada pelas teorias de Gerárd Genette, com Palimpsestos, e de Linda Hutcheon, com Uma Teoria da Paródia. Sendo o leitor o ente literário medular deste estudo, cabe-nos traçar o delineamento de seu desenho nas obras analisadas, tomando por base as peculiaridades do leitor que cada obra formulou. Macedonio Fernández se dedicou a pensar na obra em que o leitor fosse realmente lido. Dom Quixote, por exemplo, é um leitor-personagem, já que empreende uma leitura, mesmo que indireta, do livro cujo protagonista é ele mesmo: Dom Quixote parte II. Pierre Menard é um leitor-autor, na medida que entabula a árdua tarefa de reescrever o livro que lê: Dom Quixote, de Cervantes. E, Morelli, no caso, será visto como o autor-lido, pois que sua escritura só existe no preciso ato da leitura.